Estratégia, quando aplicada ao contexto empresarial, pode ser entendida como o delineamento de um plano de ação para atingir determinado objetivo.
As empresas de grande porte em geral estruturam seus planejamentos estratégicos de forma bastante pormenorizada. Já as micro, pequenas e médias empresas, por causa de diferentes fatores, nem mesmo chegam a elaborar um planejamento estratégico. Mas deveriam.
Pensar, escrever, detalhar e executar a estratégia de um negócio é uma poderosa ferramenta de governança corporativa e, mais do que isso, é a alavanca necessária para alcançar melhores resultados na execução dos objetivos traçados.
Se você não sabe onde quer chegar, como sabe se o caminho que está percorrendo é vantajoso para o seu negócio?
Conduzir um negócio sem rumo é muito arriscado e pode custar caro. Isso porque, possivelmente, você esteja perdendo ou deixando de ganhar dinheiro – sem nem mesmo saber que isso está acontecendo.
O planejamento estratégico é como se fosse uma bússola, que deverá orientar os passos a serem trilhados em qualquer tipo de negócio. Você não precisa atuar em uma grande corporação para delinear os resultados que pretende alcançar.
Vamos imaginar, por exemplo, que você tem uma pequena padaria no seu bairro. Você provavelmente sabe mais ou menos o quanto a padaria vende (receitas), quanto ela gasta (custos e despesas) e quanto sobra no final do mês (lucro). Baseado nesse resultado, você pode querer aumentá-lo e para isso é necessário planejar: 1). aumentando as receitas – vendendo mais produtos ou serviços; 2). reduzindo custos e despesas; 3). ou fazendo as duas coisas – aumentando receitas e reduzindo custos e despesas.
No entanto, ter lucro não quer dizer que a sua empresa tenha dinheiro em caixa. Para isso é importante analisar o fluxo de caixa: quanto entra e quanto sai de dinheiro durante o mês? Entradas efetivas: algumas acontecem à vista, outras em cartão, etc. Saídas efetivas: se a sua empresa paga salários de funcionários e fornecedores à vista. Portanto, a diferença entre o que entrou e saiu no mês representa o fluxo de caixa da sua empresa que não tem a ver com lucro. Se ao final do mês a sua empresa possui caixa positivo (superávit), é possível planejar para aumentá-lo. Como? Por exemplo, dando desconto para pagamento à vista e negociar prazo com os fornecedores.
Por isso, é muito importante reunir os principais talentos da sua empresa para traçar objetivos de acordo com a sua realidade de mercado, seja o seu negócio de pequeno, médio ou grande porte. Uma vez estabelecidos os objetivos, é essencial, ainda, elaborar um plano de ação claro e concreto para alcançar os objetivos traçados.
Pensando nisso, observamos algumas características comuns entre os processos de elaboração de planejamento estratégico de que já participamos e elencamos, a seguir, um passo a passo ideal para a elaboração do planejamento estratégico de sua empresa (para você implementar imediatamente!). Confira!
Passo 1. Em primeiro lugar defina os cenários possíveis, e não os de que gosta. Explicamos: cenário é o que pode acontecer, seja ele positivo (aumento de demanda, novos produtos e mercados), neutro (continuidade dos negócios) ou negativo (ruptura). A partir desses três cenários, comece a estudar o que pode ou deve ser feito (se o cenário é de recessão, por exemplo, de nada adianta fazer planos exagerados).
Passo 2. Com a equipe reunida (sócios, diretores e colaboradores-chave), analisem a fundo os principais norteadores do negócio, que são a visão, a missão e os valores da empresa. Se esses direcionadores ainda não existem, a primeira tarefa é criá-los. Se eles existem, é importante revisitá-los e adequá-los, se necessário.
Passo 3. Faça uma análise do seu produto e/ou serviço: como ele é vendido? Quem está comprando? O que pode ser feito para melhorar essas vendas?
Passo 4. Invista tempo na realização de uma análise SWOT, observando pontos fortes e fracos do seu ambiente interno, assim como oportunidades e ameaças do ambiente externo. Analise também quem são seus concorrentes e o que eles estão fazendo de diferente. Com base nisso, comece a vislumbrar como alcançar o mar azul (ou seja, aquele mercado pouco explorado ou, até mesmo, inexplorado).
Passo 5. Volte ao passo 3 e confira se seus produtos e/ou serviços estão alinhados com suas oportunidades, suas forças e também com o que o mercado procura.
Passo 6. Com toda essa base formada, é importante definir os números que você pretende que sua empresa alcance em determinado período. Determine, também, que estratégias sua empresa poderá desenvolver para alcançar esses objetivos (desenvolver novos produtos ou serviços, alcançar novos mercados ou regiões etc.).
Passo 7. Para ficar visual e facilitar a condução pela equipe, é importante estruturar todas essas informações em um CANVAS (metodologia atual e conhecida, que consiste em colocar seu “plano de negócio” em uma única folha). Uma vez elaborado, mantenha seu CANVAS em um quadro, uma parede ou em outro local visível para toda a equipe!
Passo 8. Sabendo quais serão as estratégias adotadas, é importante elaborar um cronograma, envolvendo todas as áreas da empresa, com as atividades a serem executadas. Essa é uma forma importante de viabilizar o plano de ação definido como ideal, a fim de alcançar o tão almejado objetivo. E não se esqueça de delegar: as ações estratégicas ficam com o conselho consultivo, o conselho de administração ou a diretoria; as ações táticas ficam com a média gerência, e as ações operacionais ficam sob a responsabilidade do restante do time, que irá executar todas as estratégias traçadas e fazer o plano acontecer. Ou seja, para alcançar os objetivos traçados, é de suma importância que toda equipe esteja engajada e motivada.
Passo 9. E não para por aí! Além de implementar tudo o que foi traçado no cronograma, é importante monitorar e avaliar se o caminho tomado está sendo funcional. Se não estiver funcionando, é importante mudar a rota e definir novas estratégias para alcançar os objetivos. Estamos falando de monitoramento, que pode ser mensal, trimestral ou semestral, de acordo com as necessidades de sua empresa.
“Erre rápido e aprenda rápido”
Embora esse comportamento seja atribuído às startups, ele certamente é válido para todas as empresas independentemente do tamanho: não tenha medo de errar, e se o erro acontecer, reaja rápido, pois saiba que os seus concorrentes também fazem isso.
E, de qualquer forma, para saber se você está acertando ou errando, você precisa planejar. Do contrário, você estará sendo conduzido pelo mercado, sem saber aonde quer chegar.
AUTORES:
Monique de Souza Pereira – Advogada, especialista em direito tributário pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ/RJ, em Fiscalidad Internacional pela Universidad de Castilla-La Mancha/Espanha, em Fusões e Aquisições, Reorganizações Societárias, Due Diligence e Direito Societário pela FGV/SP e Consultora de Empresa Familiar pela Universitat Abat Oliba CEU, Barcelona/Espanha. Membro do GEEF – Grupo de Estudos de Empresas Familiares – FGV/SP. Associada e Conselheira de Administração certificada pelo IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.
Carlos Alberto Ercolin – Administrador com MBA e Mestrado em Finanças pela FEA-USP e Doutorado na Argentina. Membro de Conselhos de Administração, Consultivo e Fiscal. Professor convidado em cursos de pós-graduação no Brasil, Argentina e Caribe. Executivo com mais de 30 anos de experiência em empresas familiares e multinacionais. Ex-consultor do Banco Mundial/IFC. Autor de diversos livros e artigos sobre temas de economia, finanças e governança corporativa Coautor do livro de Governança Corporativa dos MBAs da FGV. Coordenador do curso de Governança para Conselheiros na FGV.